A minha crónica sobre à situação não resolvida de milhares de trabalhadores moçambicanos contratados que foram enviados para a antiga República Democrática Alemã (RDA) deste os finais da década de 1970, ao abrigo de um acordo bilateral entre a Alemanha de Leste e República Popular de Moçambique. Estes trabalhadores, popularmente conhecidos por "Madgermans", viram parte dos seus salários sistematicamente descontados — supostamente para apoiar a dívida pública e o desenvolvimento de Moçambique. No entanto, investigações demonstram que este rendimento retido, no valor de milhões de marcos alemães, nunca chegou aos trabalhadores após o seu regresso a Moçambique.
Estes fundos eram geridos por mecanismos governamentais opacos. O governo moçambicano utilizou uma parte significativa dos rendimentos dos trabalhadores para pagar a dívida nacional. No entanto, não houve um processo transparente de prestação de contas ou de restituição. Os trabalhadores afectados, muitos dos quais vivem hoje em condições precárias, há muito que exigem a sua justa indemnização, mas décadas depois, a justiça não foi feita. Muitos deles já não estão mais vivos para continuar a lutar pelos seus direitos.
Este caso ilustra uma questão mais ampla de justiça de transição pós-socialista e de responsabilização dos Estados. Destaca como os trabalhadores vulneráveis, ao abrigo dos acordos internacionais, podem tornar-se vítimas de exploração estatal, com os seus direitos negligenciados mesmo em eras democráticas.
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